sábado, 19 de dezembro de 2009

Carnaval em angra - 3

Passamos mais três dias em casa, e vrrumm...Já estávamos no caminho de Angra novamente. Três dias antes do primeiro baile de carnaval no Aquidabã. Tempo mais que suficiente para tomar decisões apropriadas para o maior (o primeiro do novo Eros, garanhão, pegador) carnaval de minha vida.

Na noite do mesmo dia que chegamos ao Pontal, fomos para Angra.
Antes de encontrarmos com as meninas, já na Rua do Commercio, a principal da cidade, anunciei, resoluto, aos meus companheiros, ainda no Fiat
do Al.
-- Hoje vou terminar meu namoro com a Eliane. Carnaval tá chegando, vai ter um monte de gostosas de Barra Mansa, e eu não quero saber de compromisso - afirmei, com ares do mais novo boçal do pedaço.

Aurélio ainda me advertira, solícito:
-- Não faz merda, Eritos. Vai que num arruma ninguém nos bailes. Vai fazer o quê? Ficar com cara de bunda, chupando o dedo? Melhor você ficar com a Eliane...
-- Acha que sou louco? Eliane vai pular no Aquidabã também... Quero é distância... Com Bárbara, Renatinha, Natália (é claro que são nomes fictícios, não me lembraria de ninguém, a não ser de uma, a preferida do Aurélio) no baile, cê acha que eu entraria de mãos dadas com a Eliane? – justificava, canalhamente, minha opção por terminar o namorico de verão.

E eu falava das meninas de Barra Mansa como se as conhecesse. Sabia seus nomes – eram famosas para parúaras como nós - mas nunca trocara palavra com elas. Mas neste carnaval queria ver alguma resistir ao meu charme e à minha virilidade. Naquele momento, eu realmente acreditava que era charmoso e viril.

Encontramos as meninas. E eu queria me livrar de qualquer compromisso com a bonitinha de olhos azuis.

-- Oi, Eliane. Tenho que te dizer uma coisa – comecei, depois de um beijo não mais do que protocolar, num banco da praça que fica em frente ao cais. – Quero terminar.
Era evidente a surpresa da menina. Titubiou:
-- Mas, mas o que que houve? Tava tudo bem com a gente até você ir para Volta Redonda...
-- É... Mas o carnaval taí. E num gosto de manter namoro durante o carnaval – esnobei eu, como que gabaritado por muita experiência, antes de proferir o chavão impronunciável – Acho melhor ir cada um pro seu lado.
Era visível a decepção de Eliane, mas ela foi elegante e prática.
-- Certo, você é quem sabe. Tudo bem, então. Amigos? – propôs ela, me dando um abraço fraternal.

Pronto. Dissipei um problema, sem criar outro: a inimizade de Eliane.

Na quinta-feira, antevéspera de sábado de carnaval, um encontro aumentou significativamente nossas chances com as beldades de Barra Mansa. Trocamos a manhã no Pontal por boas horas em Angra. E fomos a uma das únicas praias razoáveis de Angra. A Praia das Gordas, vizinha ao Iate Clube do Rio de Janeiro (não me perguntam a razão dos nomes; ignoro totalmente).

Lá, graças ao estilo “entrão” do Aurélio, ficamos conhecendo Andréa, sua irmã, Nazareth (não, não são nomes fictícios) e mais três meninas de Barra Mansa. Longe de “abalarem Bangu”, elas eram ótimos canais até as iguarias barramansenses (ou “barramansuínas”, se o assunto fosse alguma querela envolvendo habitantes da cidade vizinha a Volta Redonda). Ainda mais que estavam hospedadas na mesma casa (uma mansão) que “nossas” meninas. Elas nos contaram que durante o carnaval deveriam ter umas 15 meninas, algumas de Volta Redonda.

Andréa e Nazareth eram gurias legais e bonitas – mas naquele verão, só tínhamos olhos para as outras, as sebosas e metidas que sequer sabiam da nossa existência – quanto mais de nossas pretensões.

Chegou o grande dia e eis que pontualmente às 11 da noite adentramos o Aquibadã, cheios de ímpeto juvenil.

Antes, porém, sacaneamos muito, eu e o Enéas, principalmente, o Aurélio e sua fantasia de diabo.

Aurélio vestido, fizemos alusões à masculinidade do traje. Mas a fantasia do Gugu?
-- Ih, Aurélio, me esqueci de trazer – disse Gugu, entre sorrisos que denunciavam que a frase soava como “me lembrei de esquecer”.
Foi aí que o Enéas instigou o demônio, de cetim rubro, enquanto o Melão (me lembrei neste minuto que também chamávamos o cabeçudo do Gugu por este apelido), já vestia seu traje de “civil”.
-- Que sacanagem, Gugu!! A d. Geralda passa noite em claro fazendo a tua fantasia e você sequer a traz para cá – disse Enéas, esperando uma reação do Al.
O esporro do Aurélio veio quase imediatamente – só não veio contíguo a incitação do Enéas porque o Aurélio, naquele momento, fazia uma barbichinha com lápis preto que ele pegara com sua irmã, Celeste.
-- Pó, cê num esqueceu. Não trouxe porque não quis. Putaria com a Geraldinha... Ela deu um duro danado... –disse Al, botando, pela primeira vez, o rabo do capeta entre as pernas, como um pinto.
Este gesto, ele repetiria, displicentemente durante todas as quatro noites de carnaval.
Sei que entre cobranças de Aurélio, desculpas esfarrapadas de Gugu e muitas risadas minhas e do Enéas, partimos para o clube.

4 comentários:

  1. O problema não é ele dividir a história em quatro partes, e nem demorar pra postar a última. A gente aguenta porque gosta do estilo do cara, gosta das lembranças dele, tolices e memórias.

    O problema mesmo é que ele está em fevereiro de 1979, ainda vai demorar mais de 10 anos para eu fazer parte dessas histórias.

    Agora, sobre o carnaval em Angra, per se, só falo quando tudo a respeito estiver relatado. Vai que eu digo que ele não devia ter terminado com a Eliane e foi justamente nessa época que ele conheceu a Claudia!!!

    ResponderExcluir
  2. gosto doss seus comentários, décio. ainda mais quando destaca algum trecho em particular do texto. e só conheci a claudia em 1987, no estágio do globo. ah, a quarta e última parte desta crônica só vai ficar pronta em 2010.

    ResponderExcluir
  3. no mais tardar segunda, jason. é que rolou festa aqui em casa. E liquidar a fatura exige algum cuidado para não acelerar e fazer as coisas muito mal feitas.

    ResponderExcluir